Juros altos: o vilão da economia ou um mal necessário?

Ksenia Orlova By Ksenia Orlova 5 Min Read
Pedro Duarte Guimarães

Segundo Pedro Duarte Guimarães, mestre em economia pela Fundação Getúlio Vargas, sempre que o Banco Central anuncia o aumento da taxa de juros, uma onda de críticas se espalha pelo país. Comerciantes reclamam das vendas em queda, consumidores se assustam com o custo do crédito, e investidores se dividem entre euforia e cautela. Mas afinal, os juros altos são realmente os grandes vilões da economia ou desempenham um papel estratégico e necessário no controle financeiro?

Neste artigo, vamos explorar os impactos dessa política monetária, entender seus efeitos práticos na vida das pessoas e refletir se, apesar das dores de curto prazo, ela pode ser um remédio necessário para o equilíbrio econômico. 

Por que os juros sobem, afinal?

A principal razão para o aumento dos juros é o controle da inflação. Quando o consumo está muito aquecido e os preços começam a subir em ritmo acelerado, o Banco Central utiliza a elevação da taxa básica de juros (Selic) como ferramenta para desacelerar a economia. Como destaca Pedro Duarte Guimarães, com o crédito mais caro, as pessoas e empresas tendem a gastar menos, reduzindo a pressão sobre os preços.

Essa decisão, porém, nem sempre é bem recebida, pois seus efeitos são sentidos diretamente no bolso da população. Financiamentos ficam mais caros, parcelamentos perdem atratividade e investimentos produtivos são adiados. No entanto, se os preços seguem subindo sem controle, o custo social é ainda maior, principalmente para os mais pobres, que são os mais afetados pela perda do poder de compra.

Quem se beneficia dos juros altos?

Embora a alta dos juros penalize o consumo e o crescimento econômico no curto prazo, há grupos que se beneficiam dessa política. Um exemplo claro são os investidores em renda fixa, que veem seus rendimentos aumentarem com a elevação da Selic. Da mesma forma, o governo, que precisa atrair compradores para seus títulos públicos, se vale de juros maiores para tornar seus papéis mais atraentes.

Pedro Duarte Guimarães
Pedro Duarte Guimarães

Além disso, como frisa o entendedor Pedro Duarte Guimarães, o controle da inflação beneficia toda a economia a médio e longo prazo. Um ambiente estável e previsível atrai investimentos, protege o valor da moeda e melhora a credibilidade do país no cenário internacional. Assim, embora dolorosa em determinados momentos, a política de juros altos pode ser vista como uma medida preventiva para evitar crises econômicas mais graves.

Há alternativas aos juros altos para controlar a inflação?

Sim, existem outras formas de conter a inflação, como políticas fiscais mais rigorosas, reformas estruturais e aumento da produtividade. No entanto, de acordo com Pedro Duarte Guimarães, essas medidas costumam demorar mais para surtir efeito e enfrentam maiores resistências políticas. Já a taxa de juros é uma ferramenta de ajuste mais rápida, que pode ser acionada de forma imediata pelo Banco Central.

Ainda assim, depender exclusivamente dos juros para conter a inflação pode se tornar um vício perigoso. O ideal seria que o país equilibrasse o uso dessa ferramenta com outras ações que incentivem o crescimento sustentável, o investimento em infraestrutura e a responsabilidade fiscal. Dessa forma, os juros poderiam ser mantidos em níveis mais estáveis, reduzindo os impactos negativos sobre o consumo e o crédito.

Em conclusão, os juros altos, apesar de impopulares, cumprem uma função crucial na manutenção do equilíbrio econômico. São como um freio de mão acionado para evitar que o carro da inflação desça desgovernado ladeira abaixo. No entanto, para Pedro Duarte Guimarães, quando usados com excesso ou sem coordenação com outras políticas, podem travar o crescimento e agravar desigualdades sociais. 

Autor: Ksenia Orlova

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